Nem olhares duros
nem palavras severas
Devem afugentar quem ama
As rosas tem espinhos
e no entanto as colhemo-as
Shakespeare
nem palavras severas
Devem afugentar quem ama
As rosas tem espinhos
e no entanto as colhemo-as
Shakespeare
Tudo junto e tudo misturado
As várias emoções que sente
um coração que vive apaixonado
As várias emoções que sente
um coração que vive apaixonado
segunda-feira, 8 de março de 2010
Personagens a frente da sua época/Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral nasceu em 1º de setembro de 1886 na Fazenda São Bernardo, município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha de José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral. Era neta de José Estanislau do Amaral, cognominado “o milionário” em razão da imensa fortuna que acumulou abrindo fazendas no interior de São Paulo. Seu pai herdou apreciável fortuna e diversas fazendas nas quais Tarsila passou a infância e adolescência.
Estuda em São Paulo no Colégio Sion e completa seus estudos em Barcelona, na Espanha, onde pinta seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, aos 16 anos. Casa-se em 1906 com André Teixeira Pinto com quem teve sua única filha, Dulce. Separa-se dele e começa a estudar escultura em 1916 com Zadig e Mantovani em São Paulo. Posteriormente estuda desenho e pintura com Pedro Alexandrino. Em 1920 embarca para a Europa objetivando ingressar na Académie Julian em Paris. Frequenta também o ateliê de Émile Renard. Em 1922 tem uma tela sua admitida no Salão Oficial dos Artistas Franceses. Nesse mesmo ano regressa ao Brasil e se integra com os intelectuais do grupo modernista. Faz parte do “grupo dos cinco” juntamente com Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Nessa época começa seu namoro com o escritor Oswald de Andrade. Embora não tenha sido participante da “Semana de 22” integra-se ao Modernismo que surgia no Brasil, visto que na Europa estava fazendo estudos acadêmicos.
Volta à Europa em 1923 e tem contato com os modernistas que lá se encontravam: intelectuais, pintores, músicos e poetas. Estuda com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas. Mantém estreita amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suiço que visita o Brasil em 1924. Inicia sua pintura “pau-brasil” dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros. Em 1926 expõe em Paris, obtendo grande sucesso. Casa-se no mesmo com Oswald de Andrade. Em 1928 pinta o “Abaporu” para dar de presente de aniversário a Oswald que se empolga com a tela e cria o Movimento Antropofágico. É deste período a fase antropofágica da sua pintura. Em 1929 expõe individualmente pela primeira vez no Brasil. Separa-se de Oswald em 1930.
Em 1933 pinta o quadro “Operários” e dá início à pintura social no Brasil. No ano seguinte participa do I Salão Paulista de Belas Artes. Passa a viver com o escritor Luís Martins por quase vinte anos, de meados dos anos 30 a meados dos anos 50. De 1936 à 1952, trabalha como colunista nos Diários Associados.
Nos anos 50 volta ao tema “pau brasil”. Participa em 1951 da I Bienal de São Paulo. Em 1963 tem sala especial na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte participação especial na XXXII Bienal de Veneza. Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 197
Em decorrência de complicações pós-operatorias, faleceu na madrugada de ontem no Hospital da Beneficencia Portuguesa a pintora Tarsila do Amaral. Nascida em Capivari em 1890, desaparece aos oitenta e três anos, havendo sido sepultada ontem às 16 horas, no cemiterio da Consolação. Tarsila, que passou os ultimos anos de sua vida no apartamento da Albuquerque Lins, nº 1129, encarnou em São Paulo uma admiravel figura de artista. Presa desde 1965 a uma cadeira de rodas, não abandonou um momento sequer os pincéis e as telas; seu ultimo quadro talvez tenha sido "A Fazenda", preparado especialmente para uma recente exposição comemorativa do cinquentenario da Semana de Arte Moderna. A par dessa extraordinaria atividade, o que sobretudo impressionava na anciã semiparalisada e em tudo dependente da assistencia de terceiros, era a constante afabilidade, o sorriso iluminando sem cessar a fisionomia extraordinariamente repousada. Raras eram suas aparições em publico nestes ultimos anos. Em todas elas, porém, a artista se via cercada de manifestações de carinho, de provas de admiração e de reconhecimento por seu extraordinario valor artistico e humano.
Com Tarsila do Amaral efetivamente desaparece toda uma epoca cultural de São Paulo. Embora não tenha participado da Semana de Arte Moderna, pois encontrava-se em Paris em 1922, Tarsila representa, ao lado da pioneira Anita Malfati, a adesão, entre nós, aos postulados renovadores e antiacademicistas em artes plasticas.
"Caipirinha paulista vestida por Poiret"... com esse verso de Oswald de Andrade, escrito em 1925, Tarsila passou à cronica heróica do Modernismo brasileiro, que teve como um dos principais epicentros a sua residencia, à epoca de seu casamento com Oswald, na alameda Barão de Piracicaba. Descendente de um dos mais velhos troncos do patriciado rural paulista, filha do patriarca José Estanislau do Amaral Filho e de da. Lidia Dias de Aguiar, educada no Colegio de Sion, como todas as jovens paulistanas de sua geração, Tarsila começou a estudar pintura com Pedro Alexandrino, em 1917. A essa epoca, Anita Malfati já escandalizava a paulicéia provinciana com sua exposição expressionista, e Lasar Segall e Di Cavalcanti começavam a incomodar o conservadorismo vigente. A viagem a Paris em 1920, porém, é que pode considerar-se como a data capital de sua carreira. Sergio Milliet, que lá a conheceu em 1923, encontrou-a seguindo cursos de cubismo com André Lhote, Fernand Léger e Albert Gleizes. A pintora diria mais tarde que o cubismo "é o serviço militar da pintura", significando assim a importancia que o estudo rigoroso da composição e da forma tem para o artista plastico. Por seu atelier, situado nas proximidades da avenue de Clichy, desfilou tudo quanto em Paris contava na epoca: Eric Satie, Jean Cocteau, Blaise Cendras, Léger, Lhote, Gleizes, o poeta franco-uruguaio Jules Supervielle, o escritor Valéry Larbaud, o compositor Igor Stravinsky eram lá encontrados ao lado dos brasileiros Paulo Prado, Oswald de Andrade, Vila Lobos, Sousa Lima, Di Cavalcanti, Sergio Milliet, Rubens Borba de Morais, Brecheret, Anita Malfati.
Voltando ao Brasil, mais precisamente a São Paulo, em 1923, a pintora redescobre sua terra e entra em contacto com a figura extraordinaria de Mario de Andrade, que iria mais tarde defini-la esteticamente com uma agudeza que até hoje causa espanto: "um certo e bem aproveitado caipirismo de formas e cor, uma sistematização inteligente do mau gosto que é dum gosto excepcional".
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