Nem olhares duros
nem palavras severas
Devem afugentar quem ama
As rosas tem espinhos
e no entanto as colhemo-as

Shakespeare
Tudo junto e tudo misturado
As várias emoções que sente
um coração que vive apaixonado

segunda-feira, 8 de março de 2010

Personalidade a frente da sua época / Maria Josephina


Maria Josefina Durocher
(1809-93)
Parteira, escritora e abolicionista.

Nasceu a 6 de janeiro de 1809 em Paris, França. Era filha da Costureira e florista Arme Ni colli Colette Durocher, que nunca revelou a paternidade de Maria Josephina. Aos sete anos, veio com a mãe para o Brasil no navio a velas Dois amigos, desembarcando no porto do Rio de Janeiro em agosto de 1816.

As modistas estrangeiras não eram vistas com bons olhos pela sociedade da época; entretanto, Arme contou com a ajuda de membros da colônia francesa e abriu uma pequena loja na rua do Ouvidor. Logo prosperou pois tinha tino comercial e era extremamente gentil no trato com as clientes. Maria Josephina cres-ceu nesse ambiente, ajudando sua mãe na administração do negócio e na confecção das roupas. Recebeu a educação elementar em sua própria casa, indo depois estudar em escolas particulares, onde aprendeu o alemão, o inglês, além de noções de história e geografia.

Vivia maritalmente com o comerciante francês Pedro David quando, em 28 de novem-bro de 1829, sua mãe morreu e a vida de Maria Josephina começou a passar por uma verdadei- ra reviravolta. A loja entrou em decadência e, apesar do o estabelecimento, sendo obrigada a saldar as dívidas com os estoques de tecidos e armari-nho. Seu primeiro filho, Vicente João Francisco, nasceu em 19 de julho de 1830, sem ter sido reconhecido pelo pai. Em agosto do ano se-guinte foi despejada de sua casa e, em dezem-bro, nasceu seu segundo filho, Humberto David, este sim legitimado. Seu companheiro Pedro David foi assassinado em julho de 1832 ao ser confundido com um comerciante português que morava na mesma rua.

Aos 23 anos, viúva e com a responsabilidade de criar os dois filhos pequenos, Maria Josephina decidiu dedicar assistência às parturientes, a exemplo de uma amiga de sua mãe. Começou seus estudos, em 1833, com o médico negro Joaquim Cândido Soares de Meireles e, em 1834, ingressou no curso de obstetrícia prática da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se destacou como a primeira aluna da turma. Nessa mesma época naturalizou-se brasileira e iniciou uma bem-sucedida trajetória como parteira, alcançando tanto prestígio que acompanhou o nascimento dos netos do imperador D. Pedro II. Adotou uma forma de se vestir muito peculiar, sempre de preto, usava uma saia simples, um casaco de corte masculino, uma pequena car-tola pouco afunilada, colarinho e gravata de homem.

Em 12 abril de 1871 foi nomeada titular da Academia Nacional de Medicina, permane-cendo durante cinco décadas como a única mulher a pertencer a essa instituição. Ainda nesse ano, Mme. Durocher ousou publicar o livro Idéias para coordenar a respeito da emancipação dos escravos, onde expressou seus pensamentos políticos. Foi a primeira mulher no Brasil a escrever textos no campo da medicina: Conselhos sobre a escolha de amas-de-leite; Reflexões sobre a eclâinpsia e convulsões dos recém-nascidos e Refutação de alguns artigos do Jornal da Saúde. Publicou ainda outros trabalhos em anais de con-gressos: Deve ou não haver parteiras? e Considerações sobre a clínica obstétrica.
Faleceu em 1893.

Nenhum comentário:

Postar um comentário