Nem olhares duros
nem palavras severas
Devem afugentar quem ama
As rosas tem espinhos
e no entanto as colhemo-as

Shakespeare
Tudo junto e tudo misturado
As várias emoções que sente
um coração que vive apaixonado

segunda-feira, 8 de março de 2010

Personalidade a frente da sua época / nise


Nise da Silveira
(1905-99)
Médica psiquiatra.

Nasceu a 15 de fevereiro de 1905 em Maceió (AL). Filha da pianista Maria Lídia da Silveira e do professor de matemática Faustino Maga-lhães da Silveira. Casou-se com o médico sa-nitarista Mário Magalhães.

Aos 16 anos foi admitida na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo a única mulher da turma. Com 21 anos concluiu o curso, apre-sentando uma monografia sobre a criminali-dade entre as mulheres baianas: estudou os casos de assassinas, ladras e prostitutas no presídio de Salvador.

Começou a trabalhar em psiquiatria, mas estava verdadeiramente interessada na pesqui-sa de outros métodos terapêuticos para o trata-mento da esquizofrenia. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde permaneceu seis anos como médica interna no Hospital da Praia Vermelha. Militante da Aliança Nacional Libertadora (ANL), foi denunciada como comunista depois da revolta de 1935 e presa por 16 meses na Casa de Detenção da rua Frei Caneca. Nise amargou o desemprego depois que saiu da pri-são. Com a anistia, oito anos depois, foi reinte-grada no serviço público, mas não se adaptou aos métodos violentos postos em prática no tratamento dos doentes mentais. Em 1946, atendendo a uma proposta sua, o diretor do Centro Psiquiátrico Pedro II, no bairro do Engenho de Dentro, incumbiu-a de fundar no hospital a Seção de Terapêutica Ocupacional.

Este seu trabalho pioneiro de pesquisa no tratamento da doença mental, através da tera-pia ocupacional ou arteterapia, é hoje reco-nhecido internacionalmente. Recebeu, nos anos 1950, elogios de um dos mais famosos psiquiatras, o suíço Carl Gustav Jung, que se tornou seu correspondente. Tanto reconheci-mento e admiração não poupou Nise de sofrer críticas de sucessivas direções do Centro Psi-quiátrico, onde trabalhou até 1974.

A produção artística dos internos, resultante do trabalho desenvolvido por Nise, foi reunida no Museu de Imagens do Inconsciente, fundado por ela em 1952. 0 museu é um importante centro de pesquisa e possui um acervo de mais de 300 mil obras; alguns artis-tas internos alcançaram prestígio internacio-nal, como Emígdio de Barros, Rafael Domin-gues e Femando Diniz. Nise também fundou e se dedicou durante décadas à Casa das Palme-iras, instituição para egressos de hospitais psi-quiátricos, onde as oficinas de arte eram diri-gidas por voluntários.

Para a doutora Nise, a esquizofrenia não é propriamente uma doença, mas uma manifes-tação de vários "estados de ser" desencadea-dos por situações extremas, que desagregam o ego.

Em abril de 1988, recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

O filme Imagens do inconsciente, do cineasta Leon Hirszman e com roteiro da própria Nise, feito com os quadros pintados pelos internos, foi visto por milhares de pessoas, popularizando ainda mais seu trabalho revolucionário na humanização do tratamento psiquiátrico no Brasil.

Faleceu, aos 94 anos, na cidade do Rio de Janeiro, em 30 de outubro de 1999, de insufi-ciência respiratória.

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